15.11.2015 - Paul Craig Roberts - Global Research
Tradução mberublue - publicada no Blog Btpsilveira
Apenas uma hora depois dos ataques em Paris e sem resquício de evidência, já se tornou história gravada em pedra que o perpetrador do ataque foi o Estado Islâmico. É assim que trabalha a máquina de propaganda.
Quando o ocidente age assim, normalmente é bem sucedido, porque o mundo se acostumou a seguir a liderança ocidental. Fiquei estupefato ao ver as agências de notícias russas ajudando a espalhar essa versão oficial, ainda mais se levarmos em conta que a própria Rússia já foi vítima “n” vezes de falsas histórias plantadas pela mídia ocidental.
Será possível que a mídia russa já se esqueceu do MH17? No mesmo instante que se soube que um avião de passageiros da Malaysian Airliner foi atingido e derrubado por um míssil de fabricação russa no leste ucraniano em mãos dos separatistas, a culpa foi atribuída à Rússia. E ainda é, apesar da falta absoluta de evidências.
Será possível que a mídia russa esqueceu também da “invasão da Ucrânia pela Rússia”? Essa história absurda foi aceita em todo o mundo ocidental como se fosse um evangelho.
Será possível que a mídia russa esqueceu do livro de um editor de jornal alemão o qual escreveu no livro que cada jornalista europeu era, por consequência, um ativo da CIA?
Qualquer um poderia pensar que depois dessas experiências a mídia russa deveria ter aprendido a ter um certo cuidado a respeito de explanações que têm sua origem no ocidente.
Assim, agora temos mais uma história sem pé nem cabeça adquirindo ares de verdade pétrea. Nos Estados Unidos quiseram nos impingir que alguns sauditas armados com estilete enganaram todo o aparato se segurança dos EUA. Na França, tentam demonstrar que agentes do Estado Islâmico adquiriram armas impossíveis de serem adquiridas, enganaram toda a inteligência francesa e organizaram uma série de ataques em Paris.
Por que será, por todos os diabos, que o Estado Islâmico fez isso? Impor à França, que tem um papel ínfimo no Oriente Médio, um tiro pela culatra? Por que não nos Estados Unidos, em vez disso?
Ou será possível que a intenção do Estado Islâmico era fazer cessar o fluxo de imigrantes para a Europa através do fechamento das fronteiras? Será que quer realmente manter seus inimigos perto de si mesmo, quando pode tranquilamente deixá-los fugir para a Europa? Por que eles querem ter que matar ou controlar milhões de pessoas?
Não seremos ingênuos o bastante para esperar que estas questões sejam colocadas ou explicadas pela mídia, que já gravou sua versão na pedra.
A ameaça que paira sobre as instituições políticas na Europa não é o Estado Islâmico. A ameaça real está no crescimento do sentimento anti União Europeia, nos partidos frontal e violentamente contra os imigrantes, como o Pegida na Alemanha, o Independence Party na Inglaterra e a Frente Nacional na França; As últimas pesquisas realizadas mostram a liderança da Frente Nacional, o que tornará Marine Le Pen a presidente da França.
A menos que se fizesse alguma coisa de efetivo sobre as hordas de imigrantes que invadiram a Europa, os partidos políticos que apoiaram as guerras de Washington que as geraram enfrentarão a derrota frente aos partidos que são hostis tanto aos imigrantes quanto à subserviência europeia à Washington.
As normas europeias sobre refugiados e imigrantes e a subsequente aceitação pela Alemanha de um milhão de refugiados, juntamente com as críticas severas contra os países que quiseram cercar suas fronteiras no leste europeu para impedir a chegada dos refugiados tornou o fechamento das fronteiras uma realização impossível.
Quase magicamente, com os ataques terroristas na França, o impossível se fez possível, e imediatamente o presidente francês anunciou que estava fechando a fronteiras da França. Fronteiras fechadas se espalharão com rapidez. O principal argumento dos partidos de oposição estará dirimido, a Europa estará segura e os Estados Unidos continuarão a dominar com mão de ferro a soberania europeia.
Sejam ou não os ataques de Paris uma operação de falsa bandeira com a intenção de alcançar exatamente esses objetivos, são eles que resultarão como consequências desse ataque. Esses resultados interessam e muito para os líderes políticos instalados atualmente na Europa, bem como para Washington.
É possível que o Estado Islâmico seja tão simplista que não entendeu isso? Se o Estado Islâmico é assim tão tosco, como pode enganar tão miserável e facilmente a inteligência francesa? Será que os serviços de inteligência da França são realmente inteligentes?
Podem os povos ocidentais ser tão falhos de inteligência para cair numa história gravada em pedra dessa forma sem qualquer tipo de evidência? No ocidente, os fatos são criados para servir apenas aos Estados e governantes. Uma investigação decente não faz parte do processo. Quando 90% da mídia dos Estados Unidos estão nas mãos de seis mega corporações, não poderia ser diferente.
A Matrix, no entanto, consegue se tornar cada vez mais invulnerável, na exata medida do crescimento do absurdo de suas assertivas.
Paul Craig Roberts - (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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