13/11/2015 (publicado dia 17/11/2015), Conflicts Forum
"Temos também de trabalhar – alguma coisa como 'o lado obscuro' –,
se quiserem dizer assim" [Dick Cheney]
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
tenente-general Michael Flynn |
Quando, no início de agosto, o ex-funcionário de mais alto escalão da inteligência do Pentágono, tenente-general Michael Flynn, disseque fora "decisão deliberada" do "ocidente" apoiar a criação de um "principado salafista declarado ou não declarado no leste da Síria" com o objetivo de pressionar o governo sírio e, na sequência, confirmou o que se sabia do relatório "2012 US Defence Intelligence Agency então recentemente liberado do sigilo, sobre o surgimento do ISIS na Síria, e explicitamente alertou para a possibilidade de ser declarado "um Estado Islâmico", "mediante a união com outras organizações terroristas no Iraque e na Síria" – houve silêncio praticamente absoluto em todos os veículos da mídia-empresa. Ninguém queria pôr a mão no 'fio desencapado' de uma possível colusão dos EUA, com forças do 'califato'.
Mas o que o general norte-americano dizia já estava suficientemente claro: a jihadização do conflito sírio fora decisão política "deliberada". E dado que Al-Qaeda e aquele embrião do ISIS eram os dois únicos movimentos capazes de estabelecer 'califato' daquele tipo na Síria e no Iraque, evidentemente se tinha de concluir que o governo dos EUA e seus aliados tacitamente aceitavam aquele resultado – com vistas sempre a enfraquecer, ou derrubar, o estado sírio.
Muitos no ocidente acharam difícil crer nos comentários do general Flynn, por mais que todos soubessem que o general tinha conhecimento direto dos eventos. Como seria possível? Para muitos telespectadores e leitores a ideia deve ter soado contraintuitiva demais. E é algo que toca numa ferida que ainda supura na psique ocidental: o 11 de setembro.
Mas agora, com a intervenção militar de Rússia e Irã, a confusão em que o ocidente se vê é evidente demais: a Rússia está dando cobertura aérea ao exército sírio, com o objetivo de interromper as linhas de suprimento que vêm da Turquia para os terroristas, por um lado; e de interromper a linha de suprimento de Mosul para Alepo, por outro lado – movimentos precursores da derrota estratégica doISIS.
Mas diante dessas ações, o que se vê é a mais descarada prevaricação pelos 'líderes' das maiores nações do mundo, que parecem até querem impedir, e infligir dor direta aos russos e a quaisquer outros que tentem derrotar as forças do 'califato' radical – e apoiando que chegue à Síria, saída dos fornecedores no Golfo, uma onda de mísseis TOW e de MANPADS. Assim sendo, onde, exatamente o ocidente se posiciona?
As forças que a Aliança 4+1 tem de derrotar às vezes são o ISIS, mas às vezes são os grupos Frente al-Nusrah e Arhrar al-Sham, forças jihadistas do 'califato', em resumo, que absolutamente não têm interesse algum em qualquer acerto político que não seja a vitória delas mesmas. Então, os líderes ocidentais gritam 'Alto!', o que implica(ria) que aqueles são 'nossos rapazes' e não podem ser atacados.
A 'confusão' em que está o ocidente é perfeitamente visível em toda a região: os EUA e aliados estão ostensivamente 'em guerra' contra as forças sunitas radicais dos degoladores. E, ao mesmo tempo, estão 'na cama' com os mesmos salafistas degoladores.Como tal coisa pode ter acontecido? Como resolver essa confusão?
As raízes da ambivalência dos EUA em relação ao Islã sunita radicalizado (como já comentamos aqui) estão fincadas, primeiramente, no grupo de neoconservadores norte-americanos que constituíram uma influente rede de 'guerreiros da Guerra Fria' em torno do vice-presidente Dick Cheney, e que eram obcecados com fazer retroceder a influência soviética no Oriente Médio e com derrubar estados e governos socialistas-nacionalistas árabes, considerados simultaneamente estados-clientes dos soviéticos e ameaças a Israel.
David Wurmser, conselheiro de Cheney para o Oriente Médio, destacou (em 1996) que "limitar e apressar o colapso caótico" do Ba'athismo deve ser a grande prioridade dos EUA na região. O nacionalismo árabe-secular não pode ser tolerado, nem mesmo, disse ele, em nome de fazer aumentar a maré do fundamentalismo islamista. Ao definir a destruição do nacionalismo secular como sua grande prioridade, os EUA viram-se, por padrão, compelidos a aliar-se com os reis e emires do Golfo, que tradicionalmente recorreram ao jihadismo sunita como vacina contra a democracia.
Mas o uso pelos EUA (e pelos britânicos) dos movimentos sunitas jihadistas radicais para seus próprios 'superiores objetivos geopolíticos' já estava bem incorporado muito antes de 1996. Quando perguntado se lamentava que a CIA desse apoio clandestino a jihadistas no Afeganistão, seis meses antes da intervenção militar dos soviéticos (a pedido de Cabul), o assessor de segurança do presidente Carter, Zbig Brzezinski, respondeu:
Zbig Brzezinski e o presidente Jimmy Carter |
"De fato, o presidente Carter assinou, dia 3/7/1979, a primeira diretiva para ajuda secreta a opositores do regime pró-soviéticos em Cabul [os soviéticos intervieram dia 24/12/ 1979]. E naquele mesmo dia, escrevi uma nota ao presidente, na qual lhe explicava que, em minha opinião aquela ajuda [a forças islamistas radicais] induziria uma intervenção militar soviética [no Afeganistão]".
Pergunta: Apesar do risco, o senhor defendia essa ação sigilosa. Mas talvez o senhor desejasse essa entrada dos soviéticos na guerra e procurou provocá-la?
Brzezinski: Não é isso. Não queríamos empurrar os russos a intervir, mas aumentamos conscientemente a probabilidade de que interviessem.
Pergunta: Quando os soviéticos justificaram sua intervenção afirmando que visavam a combater um envolvimento secreto dos EUA no Afeganistão, as pessoas não acreditaram neles. Mas havia um fundamento verdadeiro. O senhor hoje lamenta alguma coisa?
Brzezinski: Lamentar o quê? Aquela operação secreta foi ideia excelente. Teve o efeito de arrastar os russos para a armadilha afegã, e você quer que eu lamente?! No dia em que os soviéticos oficialmente atravessaram a fronteira, escrevi ao presidente Carter: Temos agora a oportunidade de dar à União Soviética a guerra do Vietnã dela…
Pergunta: E o senhor também não lamenta ter apoiado os mujahidin islamistas, ter dado armas a eles e aconselhamento a futuros terroristas?
Brzezinski: O que é mais importante para a história do mundo? Os Talibã ou o colapso do império soviético? Alguns muçulmanos agitados, ou a libertação da Europa Central e o fim da guerra fria?
Pergunta: Alguns muçulmanos agitados? Mas é coisa que se diz e repete-se: o fundamentalismo islamista é hoje uma ameaça mundial.
Brzezinski: Nonsense!…
Embora o princípio de usar o jihadismo sunita incendiário para objetivos geopolíticos dos EUA já estivesse bem estabelecido, as raízes do imbróglio de hoje dos EUA na Síria tem mais a ver com os eventos de 2006 e 2007: a guerra de 2003 no Iraque não gerou o bloco regional pró-Israel, pró-EUA que os neoconservadores tinham em vista, mas, em vez disso, estimulou um poderoso "Crescente Xiita" de resistência, que se estendeu do Irã até o Mediterrâneo –, e os líderes do Golfo ficaram assustados. Os estados sunitas "ficaram apavorados ante uma possível ressurgência xiita, e houve ressentimento crescente contra nosso uso dos xiitas moderados no Iraque", disse à época um consultor do governo dos EUA. "Não podemos reverter o ganho xiita no Iraque, mas podemos contê-lo."
O fracasso de Israel na sua guerra de 2006, quando não conseguiu ferir gravemente o Hezbollah, foi a gota d'água que fez transbordar o copo – e irritou os líderes de Israel e do Golfo. E também provocou debate feroz em Washington: "Parece que houve um debate dentro do governo sobre qual seria o perigo maior – o Irã ou os sunitas radicais," disse Vali Nasr, veterano membro do Conselho de Relações Exteriores, a Seymour Hersh: "Os sauditas e alguns dentro do governo diziam que a maior ameaça é o Irã; e os sunitas radicais seriam inimigos menores. Foi uma vitória para a linha saudita."
Também foi, em certo sentido, vitória da liderança sunita do Líbano, intimamente associada ao sauditas, a qual, ao longo de anos anteriores, havia aprofundado sua conexão com grupos sunitas extremistas que abraçavam uma visão militante do Islã (como o Fatah al-Islam), e eram hostis aos EUA e simpáticos à Al-Qaeda. Esses aliados clandestinos do [movimento] 14 de Março foram vistos pela elite sunita libanesa como sua infantaria putativa – 'experimentados' no conflito do Iraque – que podiam ser alimentados e eventualmente cresceriam suficientemente nas próprias capacidades, para derrota militarmente o Hizbullah no Líbano: seriam a tropa de choque dos sunitas do 14 de Março, em outras palavras, conteriam a influência xiita e talvez, até, derrotariam os xiitas.
Essa experiência libanesa foi apresentada ao governo dos EUA por gente como Jeff Feltman (então embaixador dos EUA em Beirute) como a estratégia 'piloto' para o que seria possível alcançar na Síria. Líderes do Movimento 14 de Março afirmavam que poderiam administrar com segurança aqueles elementos radicais, os quais, apesar de inclinados na direção da al-Qaeda, permaneceram, de algum modo, sob a ampla 'tenda' sunita erguida e comandada por Saad Hariri e a Arábia Saudita. A queda da Síria trazia a possibilidade de enfiar-se uma cunha entre o Irã e a nêmese de Israel: o Hizbullah. A possibilidade seduziu o governo dos EUA: "Dessa vez, disse-me o consultor do governo dos EUA" – escreveu Seymour Hersh –, "Bandar e outros sauditas garantiram à Casa Branca que "manteriam olho atento sobre os fundamentalistas religiosos. A mensagem deles para nós foi 'Criamos esse movimento, e podemos controlá-lo'. Não é que não queiramos que os salafistas ponham-se a bombardear; o problema é quem eles bombardeiam – [devem bombardear] o Hezbollah, Moqtada al-Sadr, o Irã e os sírios [caso os sírios] continuem a trabalhar com Hezbollah e Irã."
Mas nem todos os sauditas tinham tanta certeza: um ex-diplomata saudita, em conversa com Hersh, acusou o líder do Hizbullah, Sayyed Nassan Nasrallah, de tentar "sequestrar o estado", mas também fez objeções a libaneses e sauditas patrocinarem jihadistas sunitas no Líbano: "Salafistas são pervertidos, doentes de ódio, e oponho-me firmemente à ideia de flertarmos com eles" – disse o saudita, que continuou: – "Eles odeiam os xiitas, mas muito mais odeiam os norte-americanos. Se alguém tentar ludibriar aquela gente, eles passam a perna em nó. Será horrível."
Cheney e sua equipe continuaram, mesmo assim, curiosos quanto às ideias de Bandar para a Síria, mas com cautela: "Temos de fazer todo o possível para desestabilizar o governo sírio e explorar cada momento em que eles deem passos estratégicos maiores que as próprias pernas." Em entrevista ao jornal Telegraph em 2007, David Wurmser (ex-conselheiro de Cheney e John Bolton) confirmou que "nisso se incluiria a disposição para escalar, se precisássemos derrubar o regime [sírio]." Disse também que "um fim do poder Baathist em Damasco dispararia um efeito dominó que na sequência poria abaixo o regime de Teerã."
Bandar "Bush" |
Bandar vangloriou-se da habilidade para manobrar os jihadistas: 'Esse aspecto deixem comigo'. John Hannah, então Conselheiro de Segurança Nacional de Cheney, observou mais tarde o consenso que havia naquele momento: "Bandar trabalhando sem qualquer referência aos interesses dos EUA é claramente motivo de preocupação. Mas Bandar operando como parceiro (...) contra um inimigo iraniano comum é ativo de alto valor estratégico." Esse ponto – a entrada da Arábia Saudita em iniciativa mais ampla contra a Síria – também marcou o início da aliança estratégica entre Israel e a Arábia Saudita, unidas na hostilidade comum ao Irã.
De fato, o ex-diplomata saudita acertara. Nem Hariri, nem o príncipe Bandar, conseguiram controlar as inflamadas forças do Califato com as quais trabalhavam. 'Moderados' que ali houvesse continuaram simplesmente a migrar politicamente para o campo da al-Qaeda e do califato do ISIS – e com eles migraram também as armas fornecidas pela CIA. O conflito sírio ia-se tornando, em caráter, cada vez mais jihadista, exatamente como o general Flynn já alertava – em 2012! – que aconteceria.
O presidente Obama sempre disse claramente, desde o início, que jamais acreditou na noção de 'moderados'. Em 2012, Obama disse a Jeffry Goldberg: "Quando você tem um exército profissional bem armado e patrocinado por dois grandes estados que têm altas apostas nele, e o exército luta contra um pequeno sitiante, um fazendeiro, um carpinteiro, um engenheiro que começaram como manifestantes e agora repentinamente se veem no centro de um conflito civil – a noção de que nós poderíamos, de forma limpa [orig. clean way], que não comprometesse forças militares dos EUA, ter mudado a equação em campo, jamais foi verdadeira" (itálicos de Conflitcs Forum).
Obama não acreditava nos moderados, mas estava sob pressão dos 'falcões', inclusive de seus próprios enviados, Fred Hof e o General Allen, para que apressasse a derrubada do presidente Assad. Mas o presidente continuou firme: "Não vamos simplesmente entrar lá e nos envolver numa guerra civil que, de fato, envolve alguns elementos do povo que estão lutando genuinamente por uma vida melhor, mas também envolve elementos que, no longo prazo, causarão danos aos EUA." A resposta – como acontece tão frequentemente – foi passar a usar meios sigilosos e clandestinos para 'amolecer' os 'falcões', aumentando as operações clandestinas em apoio à oposição – inclusive aos jihadistas:
Presidente Obama: E entendemos que os dias dele [do presidente Bashar al-Assad] estão contados. Não é questão de 'se', mas de 'quando'. Ora, podemos acelerar isso? Estamos trabalhando com a comunidade internacional para tentar fazer isso. (…)
Goldberg: Há algo que o senhor possa fazer para que a coisa ande mais depressa?
Presidente Obama: Bem... Nada que eu possa dizer a você, porque suas credenciais para acesso a informação sigilosa não são muito boas (Risos).
Mas claramente o governo estava vendo como outros – não de "forma limpa" – estavam mudando "a equação em campo". Em 2014, o vice-presidente Biden foi ainda bem mais sincero:
"O que complica é a habilidade para identificar o que seria um centro moderado na Síria. Não havia centro moderado, porque no centro moderado só havia comerciantes, não soldados (...)
E o que sempre disse e repeti é que nosso maior problema é os nossos aliados – nossos aliados na região são nosso maior problema na Síria. Os turcos (...) os sauditas, os dos Emirados etc. O que fizeram eles? Estavam tão determinados a derrubar Assad e fazer lá uma guerra por procuração entre sunitas e xiitas, o que fizeram? Fizeram chover centenas de milhões de dólares e dezenas, centenas de toneladas de armas, sobre qualquer um que dissesse que lutaria contra Assad. Problema é que o pessoal que estava recebendo as armas eram a Frente Al-Nusra e a al-Qaeda e todos os tipos de elementos extremistas, de jihadista que chegavam de outras partes do mundo …
(…) e não conseguimos convencer nossos colegas a parar de abastecê-los. E o que aconteceu então? Agora, de repente – não quero parecer leviano – mas agora eles viram o Senhor [quer dizer, os Estados do Golfo disseram que vão unir-se numa coalizão contra o ISIS]. Agora temos – o Presidente foi capaz de formar uma coalizão de nossos quatro vizinhos sunitas, porque os EUA não podem outra vez entrar numa nação muçulmana e serem vistos como agressor –, terá de ser liderada pelos sunitas para ir lá e atacar uma organização sunita."
Paradoxalmente, John Hannah – talvez já com o benefício da experiência – dizia o seguinte sobre a política de Obama para a Síria, referindo-se à reunião de Obama, de junho de 2015, com os líderes do Golfo em Camp David. Hannah observou que, "depois de destacar que compreendia a ameaça que o Irã representa para a região":
…[Obama] saiu-se com uma pequena pérola. Os árabes, segundo o presidente dos EUA, têm de aprender com o exemplo do Irã. De fato, precisam arrancar uma página do manual da Força Qods – com o que o presidente quis dizer que precisam desenvolver seus próprios 'procuradores' locais capazes de combater de perto, frente a frente, os agentes do Irã, e de derrotá-los. O presidente parecia maravilhado ante o fato de que, do Hezbollah aos Houthis e às milícias iraquianas, o Irã tenha tantos e tão efetivos procuradores, com alta profundidade, dispostos a promover os interesses iranianos. Onde, perguntou o presidente, estão os equivalentes no lado sunita? Por quê – Obama queria saber especialmente –, os sauditas e parceiros não conseguem seduzir iemenitas suficientes para que carreguem o peso da luta contra os Houthis? Os árabes, Obama sugeriu, precisam muitíssimo desenvolver recursos [uma caixa de ferramentas] que vá além da força bruta da intervenção direta. Em vez disso, precisam ser mais sutis, mais espertos e mais efetivos –, quer dizer, mais parecidos com o Irã".
Ao que, refletiu John Hannah (claramente agora com o benefício da experiência):
"Pensem bem. Sentindo-se ameaçados, desesperados, sem confiança no apoio dos EUA, e em luta de vida ou morte contra um Irã xiita intensamente sectário, para quem os wahhabistas mais provavelmente se virarão, como aliados potenciais em momento de necessidade? À Al-Qaeda na Península Árabe no Iêmen? À Frente al-Nusra na Síria? Ao Estado Islâmico no Iraque? Impossível, você dirá? Talvez sim, talvez não. O passado não é prólogo, mas com certeza é motivo para agir com muita, muita cautela. O presidente Obama parece especialmente vaidoso das ferramentas clandestinas, dos agentes vestidos de preto, de custo relativamente baixo, e das atividades paramilitares. Também parecia ansioso, desesperado, mesmo, para aliviar o peso da liderança global dos EUA, empurrando aliados em dificuldades para que eles mesmos cuidem de melhorar e policiar as suas próprias vizinhanças. Combine juntos todos esses impulsos e a coisa parece excelente, em teoria, como ferramenta para conter o Irã. Mas estamos falando de Oriente Médio, e a conflagração que se aproxima, de sectarismo jihadista contra sectarismo jihadista, está só começando. Muito cuidado, portanto, com o que você deseja!"
Daí a natureza do conflito na Síria: frequentemente não é possível 'tornar quadrado um círculo' cortando só um pouco em todos os lados – de 'falcões' domésticos à indústria das Operações Especiais e aos aliados no Golfo – ao mesmo tempo em que não se arreda pé da linha de não promover intervenções militares norte-americanas diretas.
Semântica e 'contrabando de cavalos' à parte, não importa quantas vezes os nomes mudem, Al-Qaeda/Al-Nusra e o bando todo (Ahrar Al-Sham, etc.) simplesmente não podem ser tradados como se fossem 'moderados', nem em algum sentido peculiarmente britânico à moda "Weybridge", nem em qualquer outro sentido.
Tom Friedman diz bem: "Obama tem acertado em sua ambivalência quanto a qualquer envolvimento profundo na Síria. Mas nunca teve coragem para expor seu próprio raciocínio ambivalente ao povo dos EUA. Deixa-se empurrar de um lado para outro, diz coisas que as próprias entranhas dizem a ele que jamais funcionarão e, assim, só consegue o pior de todos os mundos: a retórica de Obama excede sua política; e a política de Obama não funciona".
Não surpreendentemente, assim, alguns nos EUA já começam (cautelosamente) a ver a iniciativa militar do presidente Putin como o único modo de cortar o nó górdio e libertar o presidente Obama de seu 'nó' de ambivalência: deixe que Rússia e aliados derrotem oISIS, e que um "pequeno sitiante, um fazendeiro, um carpinteiro, um engenheiro que começaram como manifestantes e agora repentinamente se veem no centro de um conflito civil" – nas palavras do próprio Obama – sejam de algum modo assimilados no processo político. Isso, sim, afinal, pode vir a ser um 'grade feito'.*****
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