sábado, 11 de novembro de 2017

Arábia Saudita: "Reformador liberal" não passa de tirano alucinado

10/11/2017, Moon of Alabama


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




É mais difícil a cada minuto disfarçar a confusão criada pelo príncipe clown [palhaço] crown [coroado] saudita Mohammad bin Salman. A propaganda sobre o "reformador liberal" absolutamente não se encaixa com o comportamento obviamente tirânico.

O príncipe clown da Barbaria Saudita praticamente abduziu o primeiro-ministro do Líbano, chantageou-o para conseguir que renunciasse e desde então o mantém em prisão domiciliar. É ataque sem precedentes à soberania do Líbano e de todos os países do mundo. Apesar disso, os EUA e alguns líderes europeus fingem que Saad Hariri seria livre para ir onde queira:


Um funcionário francês diz que o primeiro-ministro Saad Hariri do Líbano contou a embaixadores estrangeiros que não é prisioneiro na Arábia Saudita, onde está, sem que ninguém o veja, desde aquele estranho comunicado de renúncia.

Um oficial no gabinete do presidente francês Emmanuel Macron disse na 6ª-feira que os embaixadores da França e dos EUA na Arábia Saudita reuniram-se com Hariri e que Hariri "diz que não é prisioneiro; e o príncipe [coroado saudita] diz que Hariri não é prisioneiro."

Macron fez visita de surpresa à Arábia Saudita na 5ª-feira à noite e reuniu-se com o príncipe coroado, principalmente sobre crescentes tensões no Líbano, ex-protetorado francês.


Hariri talvez não seja "prisioneiro", mas tem tanta liberdade para sair de sua atual moradia quanto Julian Assange é livre para sair da embaixada do Equador em Londres.

Macron sequer esteve com Hariri, e logo se escafedeu para os Emirados Árabes Unidos, onde foi assinada uma inesperada venda de duas corvetas francesas. O presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed, é o mentor do príncipe clown crown saudita Mohammed bin Salman. Macron pegou suas 30 moedas de prata e deixou Hariri e o Líbano lá mesmo, pendurados pelo pescoço.

É óbvio que Hariri não viajou para a Arábia Saudita no sábado passado com a intenção de deixar o emprego:


Hariri tinha encontros marcados em Beirute na 2ª-feira seguinte – com o FMI, o Banco Mundial e uma série de discussões sobre melhoria da qualidade da água; absolutamente nada que sugira agenda de um homem que planejava renunciar ao cargo de primeiro-ministro.


A versão não oficial da reunião entre Hariri e os embaixadores de EUA e França é diferente da que se leu acima:


Mr. Hariri, que tem dupla cidadania, do Líbano e da Arábia Saudita, reuniu-se com os embaixadores da Grã-Bretanha e da União Europeia e com o adido de negócios da Embaixada dos EUA na 4ª e na 5ª-feiras em sua residência em Riad. Outros diplomatas ocidentais, que pedem que não sejam identificados, disseram que aqueles enviados também deixaram o local com a impressão de que Hariri não podia falar livremente.


Até o porta-voz do Departamento de Estado deixa escapar que Hariri não pode sair de casa:


"Nós o vimos. Quanto às condições sob as quais está sendo mantido lá ou conversas entre o primeiro-ministro Hariri e a Arábia Saudita, os senhores terão de consultar o governo da Arábia Saudita e também o gabinete do sr. Hariri."


O próprio partido de Hariri no Líbano uniu-se ao Hizbullah, do qual é inimigo, e ao presidente Aoun, cristão, num pedido para que Hariri retorne ao Líbano e explique-se ao povo libanês:


"O retorno do chefe do governo libanês, líder nacional e presidente do Movimento al-Mustaqbal, Saad Hariri, é necessário para restaurar o respeito pelo equilíbrio do Líbano internamente e no exterior, no quadro do pleno respeito à legitimidade libanesa representada na Constituição e no Acordo Taef e respeitando a legitimidade árabe internacional" – disse o Movimento Mustaqbal em declaração distribuída depois de uma reunião de emergência do bloco parlamentar e do gabinete político do movimento.


Os sauditas instruíram os seus cidadãos que vivem no Líbano a deixar o país. Seus aliados Kuwait, EAU e Bahrain fizeram o mesmo. Nos últimos cinco anos houve quatro ordens desse tipo, e o movimento em si não chega a ser importante. Se os sauditas começarem a bloquear o fluxo de dinheiro do Golfo para o Líbano ou se tomarem outras medidas econômicas, o dano ao Líbano será muito maior. Se os estados do Golfo expulsarem trabalhadores libaneses, o dano para o Líbano será imenso. Mas esses trabalhadores libaneses são quem realmente conduz os negócios nos estados do Golfo. Sem os 160 mil contadores e administradores libaneses a economia saudita muito provavelmente entraria em colapso.

São óbvias as semelhanças com a campanha idiota que os sauditas fizeram contra o Qatar. Os sauditas fizeram um movimento hostil impulsivo, sem terem preparado o segundo e o terceiro passos. Rapidamente se viram sem munição, mas nem haviam pensado em preparar alguma saída para escaparem sem passar vergonha.

A covardia dos franceses e de outros países ante o príncipe clown estende-se também à desgraça pela qual passa o povo do Iêmen. Voos da ONU com comida e medicamentos urgentemente necessários foram bloqueados por autoridades sauditas. Os portos para embarque de alimentos estão bloqueados. Funcionários da ONU alertam para fome massiva iminente no Iêmen e já suplicam por qualquer intervenção, venha de onde vier. Mas Macron e outros políticos 'ocidentais' nada veem, nada ouvem e nada fazem.

Enquanto isso o tirano saudita prossegue no expurgo de todos e quaisquer possíveis ou imagináveis adversários políticos internos. Cerca de 500 pessoas já foram presas, com os mais ricos mantidos no hotel Ritz Carlton em Riad. O hotel foi "reservado" até o final de janeiro. Mas os 300 quartos são poucos para hospedar a pilha crescente daquela escória milionária. Agora, também o hotel Mariott, ao lado, já foi também "reservado" pelas autoridades sauditas. Hóspedes comuns foram mandados embora. Sinal claro de que a campanha de expurgo continuará.

Aspecto importante do expurgo é o assalto explícito que é parte importante da ação. Todos os prisioneiros são acusados de "corrupção". A Arábia Saudita é país onde cobrar/receber parcela de todos os contratos com o estado é tido como direito hereditário da elite governante. O Wall Street Journal noticia que o pessoal que cerca MbS espera roubar cerca de $800 bilhões em bens dos empresários e príncipes ultra ricos que agora estão sob controle deles. Provavelmente precisarão do dinheiro para manter o país à tona:


Até uma parte dessa quantia já ajudaria as finanças da Arábia Saudita. Longo período de preços baixos do petróleo forçou o governo a tomar empréstimos no mercado internacional e a drenar prodigamente as reservas nacionais, que caíram de $730 bilhões no pico em 2014, para $487,6 bilhões em agosto, dado disponível mais recente.
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O banco central enviou lista de centena de nomes de tomadores devedores, pedindo que as respectivas contas fossem congeladas, bem como todas e quaisquer outras contas a eles associadas, conforme informam fontes que conhecem de perto o assunto.

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Como medida de precaução, as autoridades impediram que grande número de cidadãos saíssem do país, dentre os quais centenas de membros da família real e gente ligada aos prisioneiros, também segundo fontes próximas deles.


Quem se interessará por investir um centavo, que seja, na Arábia Saudita, depois desse terremoto? Não há lei nem tribunais ou juízes confiáveis. Tudo depende do que diga ou faça um único homem. O ataque aos mais ricos pode trazer algum dinheiro para os cofres de MbS, mas seus projetos monumentais e planos de investimentos não avançarão sem indispensáveis patrocinadores.

Trump prestou irrestrito apoio aos movimentos sauditas. Mas é óbvio que o expurgo e o aventureirismo externo não terão fim feliz. O secretário de Estado Tillerson está tratando de introduzir alguma (mas bem pouca) sanidade nos rompantes de Trump. Alertou MbS sobre o modo de lidar com os prisioneiros:


"Entendo que não as estão caracterizando como prisões até aqui, mas mostrando provas às pessoas do que acreditam que sejam os crimes, para ver se dão algum sinal de disposição para acertar as coisas."

"É situação que preocupa um pouco até vermos com mais clareza como lidarão com aqueles indivíduos particulares" – acrescentou Tillerson.


Sobre o Líbano, Tillerson alerta Israel contra qualquer intervenção. Na discussão sobre Hariri, posicionou-se ao lado dos libaneses. Não reconheceu a "renúncia" forçada:


Os EUA acompanhavam a situação [de Hariri] "muito cuidadosamente", apoiando "o legítimo governo do Líbano" e "solicitando que outros se mantenham afastados" – disse ele.

"Se quer sair, como compreendi, tem de voltar ao Líbano e fazer as coisas oficialmente. Tenho esperanças de que, se ainda tiver intenção de deixar o governo, é o que ele fará, de modo que o governo do Líbano funcione adequadamente" – disse Tillerson.


Os dois passos, contra o Líbano e o expurgo interno, parecem impulsivos demais para serem parte de plano mais amplo. Tudo cada dia mais se parece a outras "aventuras" que MbS começou no Qatar e no Iêmen. Campanhas sem qualquer objetivo, nas quais os efeitos de segunda ou terceira ordem sempre acabaram virando-se contra o lado agressor. Nos dois casos em curso, o dano à Arábia Saudita será gigantesco.

Agora, a qualquer momento, o príncipe clown se autoproclamará rei da Arábia Saudita. Em teoria, poderá reinar por 50 anos. Mas a Arábia Saudita não sobreviverá outros cinco anos, se o rei insistir no mesmo comportamento impulsivo e tirânico do príncipe. O mais provável é que um dos seus guardas lhe seja suficientemente grato para resolver o problema com uma bala de misericórdia.

Adendo:

Quem queira mais um exemplo da impulsividade temerária de MbS, considere o seguinte episódio. Em 2016, Salman comprou, para satisfazer desejo repentino, um iate usado, pelo qual pagou $550 milhões (€500m):


"Em suas férias no sul da França, o príncipe bin Salman avistou um iate de 440-pés flutuando no horizonte. Imediatamente despachou um secretário para comprar o iate, "Serene", que pertencia a Yuri Shefler, magnata da vodka russa. O negócio foi concluído em horas, ao preço aproximado de 500 milhões de euros (cerca de $550 milhões hoje), segundo um sócio de Mr. Shefler e íntimo da família real saudita. O russo mudou-se do iate no mesmo dia."


O iate, cuja construção começou em 2007, foi lançado ao mar em 2011, ao preço, então, de $330 milhões (€300m)


O mega iate de $330 milhões, que ao que se sabia pertencia ao magnata russo da vodka Yuri Scheffler, foi visto ao largo, na costa de Venice, Califórnia.


Depois de cinco anos de uso, um preço justo seria coisa como 2/3 do preço inicial. MbS pagou 250% do real valor, porque queria o iate imediatamente, naquele dia e naquele local, porque podia pagar praticamente qualquer preço. Sujeito de 30 anos, que jamais trabalhou para comprar coisa alguma, gastou $330 milhões numa compra de impulso. Dinheiro que, de pleno direito, nem era dele, mas do povo da península árabe. É o mesmo sujeito que, agora, se diz preocupadíssimo com a "corrupção".*****

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