sábado, 27 de maio de 2017

A conexão Manchester-Líbia em cinco minutos, por Pepe Escobar

Pepe Escobar, 27/5/2017, 9h37 (hora BSB), pelo Facebook













Concentremo-nos em Ramadan, pai de Salman Obeidi, o "mártir" de Manchester; e é serviço bem repugnante.

Ramadan é fruto da tribo al-Obeidi, de al-Gubbah no leste da Líbia. No governo de Gaddafi foi sargento-major, muito pio e conectado aos islamistas. Deixou a Líbia em 1991, e estabeleceu-se no paraíso wahhabista saudita onde – detalhe crucialmente importante – foi instrutor de mujahidin que combatiam no Afeganistão contra o governo de Najibullah, depois de os soviéticos terem saído de lá.

Em 1992 os mujahidin entraram em Kabul, para bombardear a cidade até a morte, inclusive o recentemente "normalizado" Hekmatyar. Ramadan vai de lá para Londres e de Londres para Manchester, unindo-se à diáspora líbia islamista que circula em torno do Grupo Islâmico de Combate na Líbia [ing. Lybia Islamic Fighting Group (LIFG)].

Ali Ramadan liga-se a ninguém menos que Abu Anas Al-Libbi – que também vive em Manchester – e que será o cérebro por trás dos ataques da al-Qaeda contra Quênia e Tanzânia em 1998.

Ramadan também se liga ao infame Abdelhakim Belhaj – ex-mujahid no Afeganistão e MUITO próximo de... Osama Bin Laden. Belhaj convence Ramadan a retornar à Líbia. 

Depois que a gangue Cameron/Sarkozy/OTAN "libertaram" a Líbia, Ramadan une-se ao partido Al-Umma, liderado por Sami al Saadi, um dos mais altos comandantes do LIFG, e torna-se muito próximo do Grande Mufti Sadeq al-Ghariani, guia espiritual das milícias islamistas de linha-duríssima ligadas a Belhaj. 

Há três anos, Ramadan foi parte do raid executado pela milícia islamista que reconquistou o aeroporto de Trípoli. Salman, filho de Ramadan viajou de Manchester para participar dessa ação, levou um tiro e foi tratado na Turquia.

Ramadan também participou das Brigadas de Defesa de Benghazi; mix de islamistas da [milícia] Katiba 17 (financiada pelo Qatar e que serviu como instrumento na revolta de Benghazi contra Gaddafi) e da Ansar al Sharia. Todos lembram o que aconteceu dia 11/9/2012: soldados dessa milícia Ansar al Sharia atacaram o consulado dos EUA em Benghazi.

Pode-se dizer que o ponto chave de toda essa história confusa é que Ramadan lucrou na operação da linha de rato do MI5 britânico, transportando líbios de volta ao país natal para lutar contra Gaddafi. Ministro(a) britânica encarregada de autorizar essa 'política'? Ela: Theresa May.

O MI5 e o governo britânico sempre souberam, todo o tempo, o que Ramadan fazia. Sem possibilidade de dúvida, ele era quadro a serviço dos britânicos; os britânicos estavam pesadamente envolvidos no leste da Líbia desde o início. Ramadan não foi preso naquele momento; era protegido, à moda Máfia. A "prisão" dele aconteceu – que lindinho! – quando um avião clandestino levando forças especiais dos EUA pousou em Misrata.

O elo faltante nessa cadeia é por que o filho Salman, de Ramadan, "traiu" Papai-da-Qaeda e converteu-se ao Daech.

Eis aí amostra condensadíssima desse fedor que clama aos céus. Em síntese, é isso aí.*****




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