Entreouvido na Vila Vudu:
E a Fiesp, e o agrobusiness e o agronegócio e o
E a Fiesp, e o agrobusiness e o agronegócio e o
agro-PQP exportador brasileiro NÃO IRÁ A PEQUIM
PARA ESSE FÓRUM?! Não somos mais BRICS?!
PARA ESSE FÓRUM?! Não somos mais BRICS?!
NÃÃÃÃÃÃUM?! Por que não?" [PANO RÁPIDO]
Vamos logo ao que interessa: a nova iniciativa da China, "Rota da Seda" é o único projeto de desenvolvimento multilateral em grande escala que o século 21 viu até hoje.
O 'Ocidente' não tem contraproposta
Por isso o Fórum de alto nível "Cinturão e Estrada para a Cooperação Internacional" [ing. Belt and Road Forum for International Cooperation], que começa amanhã, domingo, e durará dois dias, está previsto como um ponto de virada radical no processo da globalização. Aqui, a iniciativa é vista como equivalente à troca para modelo Mark II, que acelerará na direção do que o presidente Xi Jinping, em Davos, em janeiro, chamou de "globalização inclusiva".
As grandes ideias por trás desse grande plano chinês, contudo, continuam a ser maltratadas, sumidas na tradução. Primeiro, essa via comercial expressa transasiática recebeu o nome de One Belt, One Road (OBOR) [Um Cinturão, Uma Estrada, UCUE], tradução literal ao inglês do chinês yi dai yi lu. Agora já é a Belt and Road Initiative (BRI) [port. Iniciativa Cinturão e Estrada, ICE], mas não se pode dizer que realmente já teria levantado voo no Ocidente, por mais que a China tenha tentado, acrescentando boa dose de conversa tipo soft power, como nesse esforço para vender Cinturão e Estrada a crianças falantes de inglês:
Cubro as Novas Rotas da Seda desde que foram anunciadas pela primeira vez em 2013. A ideia começou no Ministério do Comércio e desenvolveu-se como extensão da campanha "Go West" [Rumo ao Oeste/Ocidente] – focada em desenvolver a Província Xinjiang no ocidente da China em 1999. Agora, o Ministério do Comércio insiste que a OBOR/BRI [port. UCUE/ICE] é plano global, não conectado exclusivamente à presidência de Xi Jinping.
A reunião de cúpula tentará mostrar o quanto esse ambicioso conceito comercial tornou-se visão de "ganha-ganha" multilateral e partilhada, que conecta toda a Eurásia. Ou, em fórmula mais simples, "Globalização Mark II".
É iluminador examinar os pronunciamentos que estão sendo feitos por alguns dos principais analistas chineses. Wang Huiyao, presidente do independente Centro para a China e Globalização [ing. Center for China and Globalization], diz que estamos diante do "novo motor da globalização".
Shen Digli, do Instituto para Estudos Internacionais na Universidade Fudan de Xangai [ing. Institute of International Studies at Shanghai’s Fudan University], destaca a iniciativa como "iniciativa de interconectividade numa escala global".
Wang Yiwei, do Centro para Estudos Europeus na Universidade Renmin [ing. Center of European Studies at Renmin University], não tem dúvidas de que será tão importante quanto a criação da União Europeia.
E Shin Yinhong, do Centro para Estudos Norte-americanos na Universidade Renmin [ing. Center of American Studies at Renmin University, assinala – crucialmente importante – que a Iniciativa Um Cinturão Uma Estrada/ICE não funcionará se for mera jogada geopolítica.
Geopolítica como geoeconomia
Dado que será como um grande estímulo para as economias de Bangladesh ao Egito e de Myanmar ao Tajiquistão, é também um plano de investimentos/econômico/pelo livre comércio de longo alcance, que abrirá mercados para mercadorias e tecnologia chinesas. E com isso vem um alcance geopolítico de alcance inestimável para a China.
Paralela a essa extravaganza de conectividade, que em tese cobrirá 65 nações, 60% da população mundial e um terço da produção econômica global, a China acumulará capital extra, da Ásia Central ao Oriente Médio. Também aplicará bom lustro ao status dos chineses como líderes do mundo em desenvolvimento, permitindo-lhes tentar mais uma vez e dar outra vez a partida no Movimento dos Não Alinhados, MNA [ing. Non-Aligned Movement (NAM)], de 120 países.
Representantes de mais de cem países convergirão para Pequim e a maioria deles, do Movimento dos Não Alinhados. Claro que teremos Vladimir Putin, representando a parceria estratégica Rússia-China (BRICS, Organização de Cooperação de Xangai [ing. SCO) que já cobre tudo, de energia a projetos de infraestrutura (incluindo a futura ferrovia Trans-Siberiana para trens de alta velocidade). Mas, crucialmente, decisivamente importante, teremos também o primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif e o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdoğan, líderes de dois nodos chaves de OBOR/BRI [port. UCUE/ICE].
Grande parte do ocidente ainda carece de 'moça do tempo' que lhes diga de que lado sopram os ventos. E a mídia-empresa ocidental dedica-se a desqualificar OBOR/BRI [port. UCUE/ICE] como uma conspiração, um "esquemão" ou tentativa chinesa de "sitiar" a Eurásia. Só um dos líderes políticos do G7 estará em Pequim: o primeiro-ministro da Itália interessadíssimo em investigar os laços simbióticos que já ligam o programa Indústria da Itália 4.0 e iniciativa Made in China 2025, chinesa.
Angela Merkel pode até ter recusado o convite, mas nem interessa, porque toda a grande indústria alemã é assumidamente favorável à iniciativa OBOR/BRI [port. UCUE/ICE].
E o governo Trump está começando a acordar para a ação, depois das conversas Trump-Xi em Mar-A-Lago. A delegação dos EUA lá estará, chefiada por Matt Pottinger, Assessor Especial do Presidente e diretor sênior para Leste da Ásia, no Conselho de Segurança Nacional.
E a Índia? O Corredor Econômico China Paquistão [ing. China-Pakistan Economic Corridor (CPEC), de US$62 bilhões, um dos carros-chefes de OBOR/BRI [port. UCUE/ICE], e entusiasticamente saudado pelos funcionários do Paquistão, atravessa uma parte da Caxemira. A diplomacia, não o comércio, promoveria melhor os interesses da Índia. Mas a verdade é que o governo de Narendra Modi – que acusou a China de tentar "minar a soberania de outras nações" – vive obcecado com a ideia de que a verdadeira agenda dos chineses seria chegar ao controle estratégico de todo o Oceano Índico. Assim sendo, nada de Índia em Pequim.
Tenho yuan, vou viajar
A Nova Rota da Seda vem sob fogo cruzado de números. Ninguém sabe com certeza o real valor dos projetos já assinados ao longo do cinturão terrestre e da Rota Marítima da Seda, mas fala-se de coisa como US$300 bilhões. A maioria desses projetos serão desenvolvidos ao longo da próxima década.
A agência Fitch de avaliação de riscos fala de projetos num total de US$900 bilhões planejados ou já em andamento. Especula-se que o OBOR/BRI [port. UCUE/ICE] pode vir a precisar de US$5 trilhões até 2022. Segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático [ing. Asian Development Bank (ADB)], a Ásia precisará de enlouquecedores US$26 trilhões para projetos de infraestrutura até 2030.
O Fundo Rota da Seda, criado no final de 2014, conta até aqui com apenas US$40 bilhões – mix de reservas em moedas estrangeiras e input do Banco de Desenvolvimento da China e Export-Import Bank of China. Já investiu até aqui US$6 bilhões em 15 projetos, mais US$2 bilhões em projetos no Cazaquistão.
O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII) [Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB)], com 70 nações-membros, começou a operar em janeiro de 2016 com capital de US$100 bilhões, mas ano passado desembolsou menos de US$2 bilhões.
O Novo Banco de Desenvolvimento [ing. New Development Bank (NDB), o banco dos BRICS, logo estará em plena operação, depois de ter obtido avaliação AAA das agências chinesas de crédito.
Desde 2015 a China participa do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento [ing. European Bank for Reconstruction and Development (EBRD)]; é o braço de financiamento europeu para OBOR/BRI [port. UCUE/ICE]. Está também conectado a um fundo em Luxemburgo e a outro em Riga, Latvia.
Assim sendo, a questão chave para OBOR/BRI [port. UCUE/ICE] continua a ser como achar financiamento de baixo custo nos mercados de capital globais. Esse será um dos principais tópicos de discussão na reunião de Cúpula que começa no domingo. Zhou Xiaochun, presidente do Banco Central da China [ing. People’s Bank of China], já declarou a lei vigente: os "governos", incluído o governo chinês – simplesmente não pode pagar tudo de que OBOR/BRI [port. UCUE/ICE] precisará.
Então, todos terão de correr para os mercados de capital; definir e construir seus próprios mecanismos financeiros relacionados à iniciativa OBOR/BRI [port. UCUE/ICE]; e – crucialmente importante – devem negociar em moedas locais. É como dizer, em outras palavras, que todos devem usar, sobretudo, moeda chinesa. Quer dizer: se você quer pôr o pé nasNovas Rotas da Seda, não esqueça de levar seus yuan.*****
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