24.04.2017, Leandro Fortes - Brasília, eu vi
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A história é a seguinte: em 25 de maio de 2012, há quase cinco anos, portanto, publiquei uma matéria na revista e no site da CartaCapital revelando que o araponga da Aeronáutica Idalberto Matias Araújo, o Dadá, considerado o braço direito do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira, negociou com o então diretor da sucursal da revista Época, em Brasília, Eumano Silva, a publicação de informações contra a empresa Warre Engenharia, uma concorrente da empreiteira Delta em Goiás.
Por causa da reportagem, publicada pelo grupo na Época (“O ministro entrou na festa”), a Warre figurou na lista de suspeitas da Operação Voucher da Polícia Federal, que mais tarde resultou na queda do então ministro Pedro Novais (Turismo). Para quem não lembra, Cachoeira era uma espécie de sócio oculto da construtora Delta – fato amplamente revelado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
Na reportagem veiculada no site da Carta, ainda disponibilizei os áudios dos grampos feitos pela PF, para não deixar dúvidas do que eu estava falando. Um escândalo completamente documentado.
Aqui, diversas informações a respeito.
Ainda assim, o Tribunal de Justiça do DF acatou a ação de calúnia que Eumano abriu contra mim e arbitrou uma indenização que, com encargos e correções monetárias, está perto de 100 mil.
Isso mesmo que vocês leram: 100 mil reais pela ousadia de denunciar um jornalista das Organizações Globo.
A CartaCapital entrou com um recurso no STJ, ainda a ser julgado, mas fui surpreendido com o bloqueio judicial da minha conta corrente, onde estavam os parcos recursos com os quais pago as contas e as despesas da família – o que inclui dois filhos, dois enteados, uma mãe idosa, cinco gatos e quatro cachorros – porque um juiz de Brasília acatou a antecipação de tutela solicitada por Eumano.
O uso do Poder Judiciário em casos como esse não chega a ser uma novidade. Desde o surgimento da blogosfera, no final dos anos 2000, sufocar financeiramente blogs, blogueiros, jornalistas independentes e veículos de esquerda tem sido prioridade absoluta, nesse sentido.
A CartaCapital sempre foi alvo preferencial dessas ações, e mais agora, justamente no momento em que o governo federal tirou-lhe a publicidade oficial para aumentar, em 900%, os recursos encaminhados à mídia que apoiou o golpe de 2016.
Sem recursos – eu e a Carta – para fazer frente a essa clara ação intimidatória, estou abrindo esse canal de crowdfunding para cobrir os valores arbitrados pela Justiça. E, assim, continuar de pé nessa luta que ainda deverá durar muito tempo.
As contribuições podem ser feitas por aqui mesmo, no blog, basta clicar no botão ao lado, de doação via PagSeguro.
Agradeço, antecipadamente, a solidariedade e o carinho de todos e todas.
Leandro Fortes, jornalista
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