terça-feira, 2 de maio de 2017

Trump, meu rei: você não pode brigar contra o mundo inteiro

30.04.2017, Eric Margolis - Information Clearing House


tradução de btpsilveira






Talvez nosso presidente dos EUA creia que obteve uma vitória espetacular sobre aqueles malvados bandidos da Síria, por ter despejado alguns mísseis de cruzeiro contra uma de suas bases semidesérticas. Talvez Trump esteja acreditando que deixou os diabos russos tremendo de medo e levou aqueles chineses em sampans (barco rústico usado na China, feito de três pranchas de madeira e impulsionado a remo – aqui usado pelo autor significando que Trump acredita que os chineses são primitivos. A palavra tem origem no cantonês sam[três]/bam[pranchas] – NT) à mais submissa obediência.

Sua Mãe de Todas as Bombas, de 11.000 quilos, despejada contra o Afeganistão deve manter os malfeitores do Talibã sossegados por algum tempo, embora o Pentágono tenha afirmado que o alvo era um grupo – Khorasan – que na realidade talvez nem exista.

Os maiores malfeitores, aqueles loucos da Coreia do Norte, poderiam estar na iminência de sentir a força do porrete militar (norte)americano se não se comportarem.

Não contente de estar a ponto de iniciar uma nova Guerra com a Coreia do Norte, o presidente Trump agora está apontando o porrete para outro bicho papão predileto dos EUA, o Irã. Para os Trump, o Irã é veneno puro.

Atualmente, o presidente Trump tem ameaçado renunciar unilateralmente ao acordo assinado com mais cinco potências nucleares para congelar ou diminuir a infraestrutura nuclear iraniana. Esse pacto extremamente delicado foi assinado durante a administração Obama pelos seguintes países: Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, Alemanha e China. Aparentemente, Trump quer simplesmente revogar o tratado ultrajando assim as outras potências apenas porque ele odeia o Irã por alguma razão, bem como, aparentemente, os muçulmanos em geral.

A administração Trump parece cada vez mais influenciada pela extrema direita israelense do governo Netanyahu. Na realidade, o Primeiro Ministro Netanyahu acaba parecendo o membro mais moderado de sua coalizão de direita, dominada pelos colonizadores militantes da Cisjordânia.

Trump se cercou com os mais ardentes defensores da extrema direita de Israel. Um de seus maiores financiadores é o magnata dos cassinos Sheldon Adelson, fanático apoiador da expansão judaica na Cisjordânia ilegalmente ocupada.

O Irã se tornou uma espécie de fetiche para a direita de Israel, que não se cansa de vociferar pedindo a guerra contra a República Islâmica. No entanto, o poderoso lobby israelense fracassou nas tentativas de forçar a administração Obama a atacar o Irã. O congresso (norte)americano, em contraste, está totalmente sob controle israelense e respeita mais o Primeiro Ministro Netanyahu que o Presidente (norte)americano. Quem paga, manda...

De fato, o congresso tentou bloquear vendas de aviões comerciais da Boeing para o Irã, um negócio de 16.6 bilhões de dólares, mesmo sabendo que isso custaria o emprego de milhares de cidadãos (norte)americanos. Desde que foi assinado, o congresso tenta sabotar o acordo nuclear com o Irã, colocando os interesses nacionais (norte)americanos em risco, em benefício dos interesses da direita israelense.


Agora, o presidente Trump afirma que encontrou novos motivos para sabotar o acordo assinado pelas seis potências: o Irã, assevera Trump, apoia o “terrorismo” e está cheio de más intenções. Esta acusação está no ar há décadas, impulsionada por Israel como uma razão maior para atacar o Irã, porque a República Islâmica supostamente apoiaria o movimento “terrorista” libanês Hezbollah e a organização palestina Hamas.

A acusação de “terrorista” é brandida contra todos os inimigos de Israel e dos Estados Unidos. É um codinome que de tão usado perdeu significado, e que ao ser usado, automaticamente nega aos acusados justiça moral ou política.

Estive com o exército israelense quanto este invadiu o Líbano em 1982 e sou testemunha de primeira mão de como a sua arrogância transformou os xiitas, que eram apoiadores de Israel em lutadores anti-israelenses. Na realidade, Israel encorajou e pode até ter financiado secretamente o crescimento do Hezbollah e do Hamas, na esperança de que eles poderiam arruinar o apoio concedido à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e à milícia libanesa Amal.

Hoje, Israel odeia o Hezbollah e o Hamas e está determinado a erradicá-los. Há muito tempo que o principal apoiador do Hezbollah e do Hamas tem sido a Síria. Grandes partes da Síria foram destruídas por revoltas engendradas pelos Estados Unidos e por bandos de mercenários financiados pela Arábia Saudita. Isso deixou o Irã como o maior apoiador do Hamas e do Hezbollah e como o grande patrocinador do governo Assad. A OLP se tornou um títere de Israel e dos Estados Unidos.

Assim, agora Israel está determinado a destruir o Hezbollah e seus quartéis generais no Líbano e depois esmagar o Hamas com as bênçãos de Trump, acabando de vez com a esperança de um Estado Palestino. Neste momento, o Irã está sendo acusado por todo e qualquer problema de Washington no Oriente Médio. Assim, voltou a febre da guerra contra o Irã.

O interessante é que o Irã, que tem 79.1 milhões de habitantes, não está encolhido de medo com a ameaça. Como a Corei do Norte, a força aérea e a marinha do Irã são alvos fáceis. Mas o Irã tem uma infantaria muito forte, cerca de 500.000 homens, incluindo a Guarda Revolucionária. Estão armadas com armas obsoletas, mas mostraram espírito de luta resoluto na guerra Irã-Iraque. Qualquer invasão dos Estados Unidos certamente encontrará resistência feroz.

Um comandante iraniano me disse: “que os (norte)Americanos venham e invadam. Eles quebrarão os dentes no Irã. Daí, vamos expulsá-los de vez do Oriente Médio.”

Bem arrogante, mas não impossível. O Irã pode se mostrar mais do que os Estados Unidos podem morder. O presidente Trump ainda não tem consciência perfeita desse fato, e ainda está na fase divertida de seus novos brinquedos militares. Seu problema é que ele não consegue decidir onde atacar primeiro.




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