Partidos neoliberais, a mídia-empresa, um Judiciário reacionário, lobbyists da indústria do petróleo, a elite branca e grupos de direita, com generosa ajuda do exterior, reuniram-se em gangue para fazer desandar o governo do Brasil. E tudo isso para faz crer que se tratasse de levante popular contra regime corrupto.
São Paulo: em novembro de 2009, The Economist pôs o Brasil na capa da edição do mês. Brasil Takes Off [Brasil decola], lia-se lá, sobre uma foto da estátua icônica do Cristo Redentor pairando sobre águas azuis como um foguete interestelar. Prevendo que "o Brasil tem tudo para se tornar a quinta maior economia do mundo, superando Grã-Bretanha e França", a revista dizia que a maior economia da América do Sul, deveria "ganhar mais velocidade nos próximos anos, quando as reservas de petróleo de águas profundas chegassem ao mercado, e com os países da Ásia ainda carentes dos alimentos e dos minerais nobres da farta e pródiga terra do Brasil."
Em 2009, quando o mundo enfrentava ainda uma crise financeira catastrófica, The Economist via o Brasil como a maior esperança do capitalismo global.
Naquele momento, a revista britânica não era a única apaixonada pelo Brasil. Sob a liderança do presidente Lula da Silva, o país testemunhava prosperidade e mudança social sem precedentes. A própria ascensão pessoal de Lula, de engraxate de rua e mecânico de motores a presidente do maior país da América Latina, era matéria de que se fazem os mitos históricos. Lula foi objeto de vários livros, sempre sucessos de venda. Na cúpula do G-20 em Londres, em abril de 2009, o presidente Barack Obama dos EUA disse dele que era "o político mais popular do planeta". E com os dois maiores espetáculos esportivos do planeta – a Copa do Mundo da FIFA (2014) e os Jogos Olímpicos (2016) – marcados para acontecer no país, o Brasil, perenemente estigmatizado como "o país do futuro", finalmente parecia ter chegado ao centro do palco global.