20/8/2015, Manlio
Dinucci, Il Manifesto, Itália
(trad. José Reinaldo Carvalho, Editor do site Vermelho, in Voltaire.net)
(trad. José Reinaldo Carvalho, Editor do site Vermelho, in Voltaire.net)
Depois de ser
secretário-geral da OTAN de 2009 a 2014 (sob ordens dos EUA), Anders Fogh
Rasmussen assumiu o posto de consultor internacional do banco Goldman Sachs, o
mais poderoso banco dos Estados Unidos.
O mais poderoso banqueiro privado do mundo, Lloyd Blankfein, presidente do
Goldman Sachs, disse que "faço o trabalho de Deus" (sic). Para punir
os pecadores, recorreu aos serviços de Anders Fogh Rasmussen,
ex-secretário-geral da OTAN.
O criminoso Lloyd Blankfein, presidente do Goldman Sachs e o rato Anders Fogh Rasmussen
O currículo de Rasmussen é imponente. Como primeiro-ministro dinamarquês
(2001-2009), empenhou-se pela “ampliação da União Europeia e da OTAN
contribuindo para a paz e a prosperidade na Europa”. Como secretário-geral,
representou a OTAN no seu “pico operativo com seis operações em três
continentes”, entre as quais a guerra no Afeganistão e na Líbia; e, “em resposta
à agressão russa à Ucrânia, reforçou a defesa coletiva em dimensões sem
precedentes desde o fim da guerra fria”. Além disso, Rasmussen apoiou a “TTIP [Parceria Transatlântica sobre Comércio
e Investimentos]” entre EUA e União Europeia, base econômica de “uma comunidade
transatlântica integrada”.
Competências preciosas para o Banco Goldman Sachs, cuja estratégia é ao mesmo
tempo financeira, política e militar. Seus dirigentes e consultores, depois de
anos de trabalho no grande banco, foram levados a postos chave nos governos dos
Estados Unidos e outros países: entre esses Mário Draghi (presidente do Banco
da Itália, depois presidente do Banco Central Europeu) e Mário Monti, (nomeado
chefe de governo pelo presidente Napolitano em 2011).
Portanto, não é de espantar que o Banco Goldman Sachs tenha a mão na massa nas
guerras conduzidas pela OTAN. Por exemplo, na guerra contra a Líbia:
primeiramente, se apropriou (causando perdas de 98%) de fundos estatais de 1,3
bilhão de dólares, que Trípoli depositara em 2008; assim, participou em 2011 na
grande rapina dos fundos soberanos líbios (estimados em cerca de 150 bilhões de
dólares) que EUA e União Europeia “congelaram” no momento da guerra. E, para
gerenciar, mediante o controle do “Banco Central da Líbia”, os novos fundos
recebidos das exportações de petróleo, o Goldman Sachs se apresta a desembarcar
na Líbia com a projetada operação EUA/OTAN sob a bandeira da União Europeia e
“condução italiana”.
Com base em uma lúcida “teoria do caos”, desfruta da caótica situação provocada
pela guerra contra a Líbia e a Síria, instrumentalizando e canalizando para a
Itália e a Grécia (dos países mais débeis da União Europeia) o trágico êxodo
dos imigrantes decorrente de tais guerras. Isso serve como arma de guerra
psicológica e pressão econômica para demonstrar a necessidade de uma “operação
humanitária de paz”, visando na realidade à ocupação militar da zona
estrategicamente e economicamente mais importantes da Líbia.
Como a OTAN, o Goldman Sachs é funcional à estratégia de Washington que quer
uma Europa submetida aos Estados Unidos. Depois de ter contribuído com o
embuste das hipotecas podres provocando a crise financeira que, dos Estados
Unidos, chegou à Europa, o Goldman Sachs especulou na crise europeia,
aconselhando “os investidores a tirar vantagem da crise financeira na Europa”
(conforme o relatório reservado divulgado pelo Wall Street Journal em 2011).
Segundo documentada pesquisa efetuada em 2010-2012 por Der Spiegel, New York Times,
BBC e Bloomberg News, o banco Goldman
Sachs camuflou com complexas operações financeiras (“empréstimos ocultos” em
condições leoninas e venda de “papéis podres” norte-americanos), o verdadeiro
crescimento da dívida grega. Nesse negócio, o Goldman Sachs manobrou mais 'habilmente'
que a Alemanha, que o Banco Central Europeu e que o FMI, que deixaram à vista a
faca colada ao pescoço da Grécia.
Recrutando Rasmussen, com a rede internacional de relações políticas e
militares por ele tecida durante os cinco anos em que esteve à frente da OTAN,
o banco Goldman Sachs potencializa a própria capacidade de influência e
penetração.*****
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