terça-feira, 8 de setembro de 2015

Sob disfarce de luta contra o ISIS, o "Ocidente" prepara-se para ataque militar direto à Síria

5/7/2015, Moon of Alabama [Atualizado, abaixo]





Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




A chanceler alemã Merkel praticamente convocou uma avalanche de migrantes, quando declarou a Alemanha casa aberta e desconsiderou o acordo de Dublin sobre pedidos de asilos dentro da Europa. 

Seguiu-se campanha de mídia sem precedentes, e milhares de migrantes sírios estão sendo pastoreados pela Europa por dúzias de jornalistas que registram cada passo deles, para exibir nos noticiários noturnos – incluídas fotos falsas (em alemão). Ninguém pergunta aos migrantes por que estão deixando a Turquia, onde muitos deles permaneciam já há vários meses ou anos, nem quem lhes forneceu dinheiro.

Já indaguei quais objetivos pode ter essa campanha de propaganda pela mídia. Agora parece bem claro que é parte da preparação do público europeu para guerra total contra a Síria, o governo e o povo sírio.


Editores do Guardian usam a crise inventada das legiões de migrantes para 'exigir' que 'algo' seja feito 'imediatamente. Muito ridiculamente nos fazem lembrar que a falsa campanha de implantação de uma "zona aérea de exclusão" sobre a Líbia terminou com o país destroçado e muito mais refugiados, e, isso, para 'exigir' que se faça o mesmo tipo de ataque mortal também, agora, contra a Síria. Vozes britânicas mais sãs recordam-nos de que a intromissão do 'ocidente' no Oriente Médio sempre é fonte, não solução, das atuais catástrofes.

Mas a BBC já está informando que o governo britânico está em preparações para guerra contra a Síria, apesar de haver voto do Parlamento, já há algum tempo, contra esse tipo de ação:

Na próxima semana, os ministros começarão a argumentar a favor de ação militar britânica na Síria – com Downing Street ansiosa para dar "o passo seguinte" contra o chamado "Estado Islâmico – como entende a BBC.

A França, é claro, já embarcou na mesma canoa:

A crise de refugiados da Europa, largamente provocada por alto número de pessoas que fogem da guerra civil na Síria, o fracasso na tentativa de fazer retroceder o Estado Islâmico e crescente presença de russos na região pode provocar uma mudança de política, noticiou o Le Monde, que acrescentou que Hollande discutiu a questão com sua equipe de Defesa, em reunião na 6ª-feira.

A guerra contra a Síria será "liderada" pelos EUA e nada terá a ver com algum "Estado Islâmico". Os EUA deixaram que o Estado Islâmico prosperasse, numa  decisão bem pensada. E sua campanha atual de bombas contra o Estado Islâmico e bem pouco ativa, para dizer o mínimo. Os EUA também estão impedindo que as milícias xiitas no Iraque ataquem o "Estado Islâmico" em Ramadi e Fallujah. O próximo ataque será contra o governo sírio e o povo sírio; o Estado Islâmico e a "crise dos refugiados" servirá, só, como conveniente pretexto.

Para inflar ainda mais a artificial urgência de bombardear imediatamente a Síria, imediatamente, já foi iniciada uma campanha para fazer crer que a Rússia estaria mandando jatos de combate e soldados para a Síria. Há até "notícias" de novos jatos russos chegando a Síria, embora nenhum deles tenha sido visto até agora. Uma movimentação normal de transporte de materiais para o exército sírio, feito por navios russos e que está em andamento, regularmente, já há alguns anos, foi noticiada como surpreendente novidade. Velhas fotos distribuídas pelas redes sociais, de soldados russos na Síria e até imagens adulteradas são repentinamente "descobertas" e apresentadas como "provas" de algum intento nefando dos russos. Os russos já negaram qualquer movimentação de jatos de combate ou contingentes de soldados para a Síria.

Os russos também mantiveram conversações com figuras da oposição síria e com vários países vizinhos da Síria. Putin apresentou um novo plano que incluiria Síria e Rússia numa campanha contra o "Estado Islâmico" e assim sabotaria os planos dos EUA para 'mudança de regime':

O presidente da Síria Bashar al-Assad concordou com eleições parlamentares antecipadas e com partilhar algum poder com seus adversários – concessão que pode facilitar uma coalizão internacional mais ampla contra o 'Estado Islâmico', disse o presidente russo Vladimir Putin. 

A Rússia consideraria participar da coalizão, e já discutiu discutiu o tema com o presidente dos EUA, da Turquia e do Egito, disse o presidente Putin a jornalistas em Vladivostok na 6ª-feira. A Rússia está trabalhando a favor de campanha mais ampla contra o 'Estado Islâmico' que incluiria forças do Exército Árabe Sírio – inclusão à qual se opõem EUA e UE.

Os EUA não distribuíram qualquer resposta oficial ao plano. Claro que faz perfeito sentido incluir o Exército Árabe Sírio e a Rússia, em qualquer medida real que se tome realmente contra o 'Estado Islâmico'. Ao anunciar o plano, a Rússia expõe a clara evidência de que os EUA não querem combater 'Estado Islâmico' algum; que estão, sempre, seguindo seus próprios planos para destruir a Síria.

Putin também negou quaisquer movimentos de tropas russas:

"Muito cedo" para falar de ação militar russa na Síria, mas "estamos considerando várias opções" – disse Putin. A Rússia está ativamente ajudando o governo Assad com armas e treinamento militar, disse o presidente russo.

Para mim, a parte "estamos considerando várias opções" da fala de Putin é cláusula de alerta. Mas não conto com a Rússia engajar-se plenamente na Síria. Muito corretamente, a Rússia teme outra "armadilha afegã" que os EUA estariam construindo. Mas pode haver outras opções acessíveis aos russos para blindar as defesas áreas da Síria ou, de algum outro modo, sabotar os planos de ataque dos EUA. Por enquanto, semear dúvidas e temores no planejamento dos EUA é boa via de ação.

ATUALIZAÇÃO:


"O Secretário telefonou ao Ministro Lavrov de Relações Exteriores da Rússia, essa manhã, para discutirem a Síria, inclusive as preocupações dos EUA em torno de matérias que sugerem iminente ação militar russa ampliada naquele país. O Secretário fez ver ao ministro russo que, se essas matérias são acuradas, essas ações podem fazer escalar ainda mais o conflito, levar a perda de mais vidas inocentes, aumentar o fluxo de refugiados e do risco de confronto contra a Coalizão anti-ISIL que opera na Síria. 

Ambos concordaram com continuar as discussões sobre o conflito sírio em New York, no final do mês."

"Aumenta o risco de confronto contra a Coalizão anti-ISIL que opera na Síria". Aumenta mesmo. O que deixa nervosíssimos(as) muita gente na Casa Branca e no Pentágono. Tão nervosíssimos(as), que Kerry está oferecendo mais "discussões". ("Hey Sergey, você não está falando sério... Oh! Está?! Temos de conversar, por favor, por favor...") *****

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