Da série: "EUA trabalham
para destruir uma Síria por continente" ou:
O 'jornalismo' [só rindo!] dos Williams Waacks/Sardembergs
recebe (e segue caninamente) 'orientação' como essa
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recebe (e segue caninamente) 'orientação' como essa
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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
ATENÇÃO:
Esse telegrama é sórdido. Embaixadas dos EUA pelo mundo são como metástases de
tumor canceroso que avança sempre rumo à morte e a mais e mais destruição. Nada
– e olhe-se a questão por onde a olhemos – justifica que os EUA cometam a
bandidagem que estão cometendo contra o povo sírio – muito mais grave, é claro,
que a bandidagem que também estão cometendo contra o governo democrático e
legítimo da Síria.
Retirem as crianças da sala.
[NTs]
IDENTIFICAÇÃO DO TELEGRAMA
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Data
de criação |
Distribuído
(WiliLeaks) |
Classificação
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Origem
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13/12/2006
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Citado nos seguintes artigo:
http://www.mcclatchydc.com/2011/08/03/119333/wikileaks-bush-obama-passed-on.html |
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ASSUNTO: Influenciar o Governo da
República Árabe Síria (GRAS) no final de 2006
Sigilo determinado por CDA William Roebuck, por motivos 1.5 b/d PARA: (Endereçamentos aqui omitidos) |
1. RESUMO. O Governo da República Árabe Síria (GRAS;
ing. ASRG) chega ao final de 2006 em
posição muito mais forte, domesticamente e internacionalmente, que ao final de 2005.
Embora possa existir pressão bilateral ou multilateral que pode impactar a Síria,
o regime é baseado numa pequena gangue largamente imune a qualquer pressão.
Contudo, a crescente autoconfiança de Bashar al-Asad está crescendo – e a
confiança que tem nessa pequena gangue – pode levá-lo a cometer erros e
decisões políticas equivocadas, que devem levá-lo a agir emocionalmente ante os
desafios, e que gerarão novas oportunidades para nós. Por exemplo, a reação de Bashar
ante a possibilidade do 'tribunal Hariri' [os EUA criaram e até hoje divulgam o
mito de que a explosão que matou o ex-ministro Hariri do Líbano (14/2/2005)
seria ação de sírios (NTs)], e à divulgação da Frente de Salvação Nacional de
Khaddam [criada na Bélgica (NTs)] beira
a irracionalidade.
Além disso, sabe-se da grande preocupação de Bashar al-Assad com a própria
imagem e com como é visto internacionalmente, o que também é um ponto
potencialmente frágil de seu processo de decisões. Acrecitamos que as fraquezas
de Bashar estão em como ele escolhe reagir a questões emergentes, sejam reais
ou não, como no caso do conflito entre passos para a reforma econômica (embora
limitada) e forças corruptas entrincheiradas no governo; a questão curda; e a
ameaça potencial ao regime pela crescente presença de extremistas islamistas em
trânsito.
Esse telegrama resume nossa avaliação dessas vulnerabilidades e sugere que há
ações, declarações e sinais que o governo dos EUA pode empreender ou emitir e
que aumentarão a probabilidade de que se abram mais oportunidades desse tipo.
São propostas que precisam ser convertidas em planos e postas em prática como
ações reais, e temos de estar prontos para rapidamente colher vantagens dessas
oportunidades que surjam. Muitas de
nossas sugestões implicam usar Diplomacia Pública e meios mais indiretos que
influenciem o círculo interno do governo. – FIM DO RESUMO
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2. (S) Agora ao final de 2006, Bashar al-Assad
parece em vários sentidos mais forte do que há dois anos. O país está
economicamente estável (pelo menos no curto prazo), a oposição interna contra o
governo é fraca e está intimidada, as questões regionais parecem estar
evoluindo como mais interessa à Síria, do ponto de vista de Damasco. Mas há algumas vulnerabilidades que
permanecem e questões novas que podem oferecer novas oportunidades para
aumentar a pressão sobre Bashar al-Assad e seu grupo mais íntimo. Todas as
decisões de governo concentram-se em Bashar al-Assad e seu círculo íntimo
raramente produz decisões táticas bem refletidas (...).
Algumas dessas vulnerabilidades, como as visões quase irracionais do regime
sobre o Líbano, podem ser exploradas para pressionar o regime.
Ações que desequilibrem [o presidente] Bashar e aumentem sua insegurança nos
interessam muito, porque a inexperiência dele e do círculo muito estrito de
políticos que tomam decisão os deixam muito expostos a tropeços e trapalhadas diplomáticas
que o podem enfraquecer domesticamente e regionalmente.
Enquanto as consequências de seus erros são difíceis de prever e os benefícios
variem, se estivermos preparados para nos mover com rapidez para extrair
vantagens das oportunidades que surjam, podemos ter impacto direto sobre o
comportamento do regime, no ponto que nos interessa atingir – Bashar e o
círculo mais próximo dele.
3. (S) No item abaixo oferecemos nosso resumo de vulnerabilidades potenciais e
meios possíveis para explorá-lo:
– Vulnerabilidade:
– O TRIBUNAL E A INVESTIGAÇÃO (HARIRI) (...)
8. Mas nos parece que a grande questão para Bashar é que a dignidade e a
reputação internacional da Síria sejam questionadas. Sentimentos profundos de
que a Síria deve continuar a exercer domínio sobre o Líbano estão presentes
nessas sensibilidades. Devemos procurar explorar esse nervo sensível, sem
esperar que se constitua o tribunal [Hariri].
– AÇÃO POSSÍVEL:
– PUBLICIDADE:
Dar divulgação e ampla publicidade às consequências da investigação em curso
provocará angústia pessoal em Bashar al-Assad, e pode levá-lo a agir
irracionalmente. (...)
As acusações (...) chegaram bem próximas do círculo mais íntimo de Bashar
al-Assad. A família não se dividiu e permanece coesa, mas é possível que haja
fissuras internas, por baixo da superfície.
– Vulnerabilidade:
– ALIANÇA COM TEERÃ: Bashar al-Assad está andando num fio de navalha, nessas
relações cada dia mais fortes com o Irã, buscando o necessário apoio, mas sem
alienar completamente a comunidade síria de sunitas moderados, porque não se
deixa ver como agente que colabora os xiitas fundamentalistas persas. (...)
– AÇÃO POSSÍVEL:
– JOGAR COM OS MEDOS SUNITAS (sunitas temem qqer influência do Irã):
Há muita gente na Síria com medo de que haja iranianos ativos na pregação
pró-xiitas, buscando converter, principalmente, sunitas pobres.
Embora muitas vezes exagerados, esses medos refletem um elemento da comunidade
sunita na Síria, está cada vez mais incomodada e atenta à disseminação da
influência do Irã em seu país mediante atividades que vão da construção de
mesquitas aos negócios.
Mas as missões saudita e egípcia aqui (além de proeminentes líderes religiosos
sunitas sírios) estão dando crescente atenção a esse assunto, e nós [os
norte-americanos] devemos coordenar nossos movimentos mais de perto com aqueles
governos, para encontrar meios para dar mais ampla divulgação a esse assunto e
forçar a atenção local a concentrar-se nessa questão.
– Vulnerabilidade:
– O CÍRCULO ÍNTIMO:
(...) A corrupção é um grande traço no círculo íntimo de Bashar al-Assad,
dividido nos feudos de sempre e nas disputas internas por propinas e
relacionadas à corrupção. (...)
– AÇÃO POSSÍVEL:
– Sanções dirigidas a membros do governo e seus membros são em geral
consideradas positivas por muitos elementos da sociedade síria. Mas o modo como
aplicar as sanções deve explorar as fissuras familiares e tornar cada vez mais
fraco o círculo próximo do presidente, em vez de induzir os parentes a
unirem-se ainda mais.
As sanções impostas a [Assef] Shawkat [general de exército, cunhado do
presidente Assad e vice-ministro da Defesa] causaram irritação a Bashar al-Assad
e foram assunto de muita discussão na comunidade empresarial aqui [Damasco]. Embora
o regime consiga calar os protestos anticorrupção, acusações repetidas contra
membros do círculo próximo de Assad têm considerável ressonância.
Devemos procurar meios para que a opinião pública não esqueça os nomes já
sancionados por nós.
– Vulnerabilidade:
– O FATOR KHADDAM:
[Abdul Halim] Khaddam sabe onde estão escondidos os esqueletos do regime – o
que provoca forte irritação em Bashar, vastamente desproporcional a qualquer
apoio que Khaddam tenha dentro da Síria. O próprio Bashar al-Assad Assad, e
todo seu governo em geral, acompanham com enorme interesse emocional cada
notícia ou item que envolva Khaddam.
O governo reage com fúria – confissão de culpa – cada vez que outro país acolhe
Khaddam ou permite que ele faça declarações públicas por jornais locais
daqueles países.
– AÇÃO POSSÍVEL:
– Devemos estimular os sauditas e outros para que libertem o acesso de Khaddam aos
respectivos veículos locais de mídia, dando-lhe oportunidade para fazer
denúncias e expor a roupa suja do GRAS. Devemos antecipar alguma reação
irracional e descontrolada do governo sírio, que possa ser usada para
aprofundar o isolamento de Assad e sua separação dos vizinhos árabes.
– Vulnerabilidade:
– DIVISÕES NOS SERVIÇOS MILITARES E DE SEGURANÇA:
Bashar frequentemente se contém para não aprofundar oposições nem desafios
contra quem tenha laços nos serviços militares e de segurança. E dá sinais de
nervosismo quando o assunto é a lealdade dos altos oficiais (ou ex-altos
oficiais) em relação a elementos que fizeram parte de governos anteriores. O
círculo interno concentra forças contra quem tenha a ver com cada item da ação
de corrupção. (...)
– AÇÃO POSSÍVEL:
– ESTIMULAR A CIRCULAÇÃO DE BOATOS E SINAIS DE CONSPIRAÇÃO EXTERNA INTERESSADA
EM DERRUBAR O GOVERNO:
O regime de Assad é muito sensível a rumores sobre golpes e agitação nos
setores de segurança e entre os militares.
Aliados regionais como Egito e Arábia Saudita devem ser encorajados a reunir-se
com figuras como Khaddam e Rifat Assad como modo de manter
sempre ativados os rumores, sempre com os correspondentes vazamentos sobre o
que foi dito nas reuniões.
É meio que afeta diretamente a paranoia de isolamento do regime e faz aumentar
a probabilidade de um passo mal pensado, não pensado ou irracional, que
comprometa o governo de Bashar al-Assad.
– Vulnerabilidade:
– FORÇAS REFORMISTAS VERSUS ELITES
CORRUPTAS NÃO BAATHISTS:
Bashar al-Assad vive falando de um fluxo contínuo de iniciativas de reformas
econômicas e é possível que creia que esse seja seu legado para a Síria.
Embora limitadas e pouco efetivas, essas reformas foram suficientes para que os
expatriados sírios voltassem a investir no país e criou pelo menos uma ilusão
de crescente abertura. É importante encontrar meios para criticar publicamente
os esforços de reformas de Bashar al-Assad – por exemplo, denunciar as
'reformas' como meio para encobrir o 'compadrismo' dentro do governo criará
embaraços para Bashar al-Assad e minará os esforços para apresentar-se como
governo legítimo.
Divulgar o mais possível a corrupção reinante na família Assad e no círculo
íntimo da gangue governista terá efeito similar.
– AÇÃO POSSÍVEL:
– DESTACAR TODOS OS FRACASSOS DA REFORMA:
Destacar fracassos da reforma, especialmente no período anterior às eleições
presidenciais é movimento que terá efeito altamente embaraçoso e de
deslegitimação sobre Bashar al-Assad.
Comparar e contrastar esforços pífios de reformas na Síria, com o restante do
Oriente Médio são ações que também embaraçarão e irritarão Bashar al-Assad.
– Vulnerabilidade:
– A ECONOMIA: Com desempenho perpetuamente baixo, a economia síria cria
empregos para menos de 50% dos graduados nas universidades do país.
O petróleo responde por 70% das exportações e 30% da renda do governo, mas a
produção está em declínio crescente. (...) Poucos especialistas ainda creem que
o GRAS seja capaz de administrar com sucesso as esperadas dificuldades econômicas.
– DESESTIMULAR TODOS OS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS (IED),
PRINCIPALMENTE DO GOLFO:
Síria tem recebido crescente investimento estrangeiro direto (IED) nos últimos
dois anos, movimento que parece estar em ascensão. O mais importante dos novos
IEDs vem sem dúvida do Golfo.
– Vulnerabilidade:
– OS CURDOS: (...)
Em ocorrência rara, nosso Adido de Defesa dos EUA nessa embaixada [orig. United States Defense Attaché (DATT)] foi
convocado pela Inteligência Militar Síria em maio de 2006, para ouvir protestos
contra o que os sírios acreditavam que fossem esforços dos EUA para garantir
treinamento e equipamento aos curdos na Síria.
– AÇÃO POSSÍVEL:
– DESTACAR AS QUEIXAS DOS CURDOS: Garantir destaque máximo às queixas dos
sírios curdos em declarações, inclusive com divulgação de abusos de direitos
humanos, exacerbará as preocupações do governo sírio quanto à população curda.
Focar as dificuldades econômicas nas áreas curdas, e a longa oposição do
governo sírio, que se nega a garantir cidadania a cerca de 200 mil curdos sem
estado.
Essa questão deve ser tratada com muito cuidado, porque destacar de modo errado
os curdos na Síria pode gerar oposição aos esforços dos EUA para coordenar e
unir as oposições locais, uma vez que a sociedade civil síria
(predominantemente árabe) não confia nos objetivos dos curdos.
– Vulnerabilidade:
– Elementos extremistas que, em número sempre crescente estão usando a Síria como
base, porque o Governo da República Árabe Síria empreendeu algumas ações contra
grupos apresentados como ligados à Al-Qaeda. (...)
– AÇÕES POSSÍVEIS:
– Divulgar intensamente a presença de grupos extremistas na Síria (em trânsito
os com alvos externos); não se limitar a mencionar exclusivamente o Hámas e a Palestinian Islamic Jihad (PIJ).
Divulgar intensamente o fracasso dos esforços sírios contra grupos extremistas
é um modo de sugerir fraqueza, sinais de instabilidade e risco de revide sem
qualquer controle.
O argumento do Governo República Árabe Síria (usado frequentemente depois de
ataques terroristas na Síria) de que o país seria também vítima do terrorismo
deve ser invertido e usado contra o governo de Bashar al-Assad, para dar ainda
mais destaque a crescentes sinais de instabilidade dentro da Síria.
4. (S) CONCLUSÃO:
Essa análise deixa de fora os islamistas sírios anti-regime, porque é difícil
fazer avaliação acurada da ameaça que esses grupos representam dentro da Síria.
São ameaça de longo prazo. E embora consideremos as vulnerabilidades que a
Síria apresenta por causa de sua aliança com o Irã, não aprofundamos esse item.
Em resumo, Bashar al-Assad está entrando no novo ano em posição mais forte do
que há vários anos, mas esses seus pontos fortes também carregam – e às vezes
mascaram – vulnerabilidades.
Se nos dispusermos a capitalizar essas vulnerabilidades, encontraremos nelas
oportunidades para tumultuar o processo de tomada de decisões do Governo da
República Árabe Síria, para desequilibrá-lo e mantê-lo fora de prumo e para
obrigá-lo a pagar por seus erros. [assina] ROEBUCK *****
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